sexta-feira, 15 de maio de 2009

SARDADE DO MADÊRA

Inscreve pra mim, poeta, sobre a mortindadi
dos pexe que ali morreu
dizendo pras autoridadis da calamidadi
e também do meu pão de cada dia, qui com ela faliceu.

Foi uma tristeza só ver aquilo acunticendo
barba chata, pintadinho, surubim, se asfiquiciendo
e eu vendo tudo aquilo sem puder ajudar
minha fia, tão moça coitadinha, num aguentô ficô a chorar

mi vi vortando no passado e a sardade arrancando di mim um pedaçu
eu correndo por di cima e pulando aquelas preda preta discarçu
na minha infância vortei
lembrei tudo no lugar onde tanto brinquei

naquela maior predra preta
empinei di lá muita pepeta
agora ela morre afogada
onde antis era terra seca

inscreve Poeta, cum palavras bunitas e fiér
maravilhosa também como arcuiri no cér
fala qui a cachoera além di trazer pramim qui cumer também
trouxe Deusa, qui inté hoje é meu amor, meu bem.

era ali onde o boto vinha tomar fôrgo
qui nóis pegava fogo
e juramos qui enquanto agente vivesse lá nóis ia ficar
dicima da predra preta mais arta o nosso amor aumetar

inscreve Poeta, i comovi essa gente ruim
mas nóis já sabi qui é quase inpossivi isso sim
afinar, as pessôas qui lê o que inscreve ocê
é gente boa, di consciença e tem emoção, mas não puder.

puder tem as autoridadi
qui faís mataça di pexe e de amor di verdadi
não tem essa gente consciença não!
elas não tem coração!

mesmo assim inscreve o qui eu ti digo
sei qui ocê vai fazê isso purque é meu amigo
mas si num cunsiguir eles cunvincer, tem portança não!
eu, a fia e minha véia, continuaremos pidindo a Deus em oração.

Dedico a seu Francisco e sua esposa D. Deusa e seus filhos, Tancredo, Diane e Adriana moradores da Vila de Santo Antônio.

DO POETA E AMIGO PAULO SÉRGIO